Embora os fisioterapeutas representem um grupo de profissionais com amplos conhecimentos sobre mecanismos corporais, movimentos, funcionalidade e prevenção de doenças osteomusculares, diversos estudos mostram que eles acabam negligenciando o autocuidado e, com isso, se expondo às doenças ocupacionais. Durante as longas sessões de atendimento, o profissional se preocupa exclusivamente com o paciente, porém, não atenta para os riscos aos quais está exposto. Dentre esses riscos, o ergonômico é muito presente, justificando assim uma maior preocupação desse profissional com sua postura, durante os atendimentos. O objetivo deste trabalho foi verificar a utilização de princípios de ergonomia por estudantes de Fisioterapia e desenvolver uma atividade didática de acordo com as necessidades encontradas. Para isso, foi realizado um estudo observacional, do tipo transversal, no Centro de Reabilitação Física Dom Bosco de Lins, Clínica de Fisioterapia do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium UniSALESIANO. Um caso clínico de paciente com trauma raquimedular foi elaborado e foi feita a interpretação dessa situação por dois estudantes do curso de Fisioterapia. Tanto o caso clínico como a interpretação feita pelos estudantes foram objetos de validação por 10 juízes com expertise em ergonomia e/ou com pacientes simulados. O instrumento usado na validação apresentava uma escala Likert e campos abertos, para que os juízes especificassem suas avaliações. Após a validação, foram realizadas as videogravações referentes aos atendimentos dos pacientes simulados pelos estudantes concluintes do curso de Fisioterapia, no ano de 2015 (n=25). Desta forma cada estudante atendeu um paciente, totalizando. 25 atendimentos, sendo 12 referentes ao paciente simulado 1 e 13 ao paciente simulado 2. Os atendimentos foram gravados e, posteriormente, analisados em relação à adoção dos princípios de ergonomia. Com base nas informações obtidas com as videogravações, foi preparada uma atividade didática pautada em métodos ativos de ensino e aprendizagem, contemplando as necessidades ergonômicas identificadas. As avaliações dos juízes propiciaram algumas modificações no caso clínico empregado, tornando-o mais coerente com a interpretação dos pacientes simulados. Os resultados quantitativos e qualitativos, decorrentes dessas avaliações, permitiram a validação tanto do caso clínico como das interpretações realizadas pelos pacientes simulados. Quanto ao atendimento desses pacientes pelos estudantes de Fisioterapia, foi possível observar a adoção de posturas incorretas do ponto de vista ergonômico, com exposição a riscos de acometimentos osteomusculares. Esses dados respaldam as informações encontradas na literatura sobre os riscos ocupacionais aos quais os fisioterapeutas estão expostos. Com relação à atividade didática, houve uma boa aceitação, quer acerca do método de ensino e aprendizagem utilizado, quer a respeito dos temas abordados. As avaliações apontaram que os estudantes desejam uma melhora nas condições físicas e ergonômicas de seu ambiente de trabalho.